Herança deixada pelo papa Francisco, morto no dia 21 de abril, permanece no pontificado do cardeal Robert Francis Prevost

‌‌A missão do cardeal norte-americano Robert Francis Prevost, de 69 anos, eleito papa Leão 14 no dia 8 de maio, é tão desafiadora que beira a um milagre. Haja fé. O mundo católico, mais discreto em seu plano de mídia, encolhe frente ao avanço do evangélico e seu arsenal de comunicação.

O país que já teve 90% da sua população católica, nos idos da década de 1980, hoje amarga uma taxa estagnada na faixa de 60%.‌‌ Ainda assim, o Brasil é a nação com mais católicos. São cerca de 182 milhões de fiéis, o equivalente a cerca de 13% do total de adeptos globalmente, de acordo com o ‘Anuário Pontifício 2025’ e o ‘Anuarium Statisticum Ecclesiae 2023’.

O estudo é elaborado pelo escritório central de estatísticas da Igreja, departamento da Cúria Romana responsável por recolher e publicar estatísticas sobre a Igreja Católica. “Estamos decrescendo”, observa frei Betto, escritor e assessor de movimentos sociais.‌‌ A quantidade de igrejas evangélicas dobrou entre 2010 e 2024, quando atingiu 140 mil templos e 74 milhões de seguidores.

Leão 14 em frente à Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, na Itália, onde Francisco foi sepultado no dia 26 de abril, primeiro papa em mais de um século a ser enterrado fora do Vaticano (Reprodução/Instagram Pontifex) 

A expansão é latente, e ameaça tomar o posto máximo dos católicos. O contingente evangélico pode saltar de 22% da população brasileira em 2010 para 35,8% em 2026, segundo projeção da consultoria Mar Asset Management feita com base em dados do Censo, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).‌‌ Amazonas e Espírito Santo já são majoritariamente evangélicos. Se esse ritmo continuar na mesma toada, os católicos devem ser ultrapassados até 2032.

No mundo, a expansão é liderada por África e Ásia, origem de migrantes e refugiados.‌‌ Como rejuvenescer a imagem de uma marca que há mais de dois mil anos abraça a religião das pessoas? A ameaça não vem só dos evangélicos. Religiões seculares estão enfraquecidas, sobretudo no Ocidente. A sociedade passou a encarar a espiritualidade de outra forma. O indivíduo acredita em Jesus Cristo, mas não vive essa fé em uma instituição. Eles não precisam da Igreja, do padre, da missa. E são flexíveis.‌‌ Rezam para um santo ou um orixá.

Leia a matéria na íntegra na edição do propmark de 02 de junho de 2025