A quem interessa a exclusividade jornalística em matérias envolvendo uma entidade como o Cenp?

O Cenp (Conselho Executivo das Normas-Padrão) divulgou nesta quinta-feira (5) os dados de investimentos em mídia referentes ao primeiro trimestre de 2025. A informação, de grande interesse para toda a cadeia da comunicação, foi inicialmente repassada a apenas dois veículos — um especializado no mercado publicitário e outro da área econômica.

A decisão causou grande estranhamento na redação do propmark, sobretudo por contrastar com o histórico da entidade, tradicionalmente pautado pela equidade no acesso à informação e pelo respeito a todos os players do setor.

Desta vez, não foi o que aconteceu.

Quando a redação do propmark recebeu o release com os dados dos três primeiros meses do ano, o conteúdo já havia sido publicado pelos dois veículos citados. Ao ser questionada, a assessoria de imprensa do Cenp afirmou que os e-mails teriam sido enviados simultaneamente a todos os veículos.

Em um primeiro momento, consideramos a possibilidade de falha técnica em nosso sistema de e-mail — falhas acontecem. Solicitamos, então, a confirmação do horário exato do disparo do material.

A resposta veio por telefone, mas com uma nova versão: segundo a assessoria, os dois veículos haviam pedido as informações sob embargo, solicitação que teria sido aceita pela entidade.

A justificativa para o propmark ter sido excluído dessa dinâmica teria sido um suposto descumprimento de embargos anteriores — uma acusação grave, infundada e que jamais nos foi comunicada anteriormente, nem na primeira versão dada pela comunicação do Cenp.

A prática de embargo, quando bem conduzida, é legítima. O que se espera, no entanto, é que seja aplicada com transparência, critérios objetivos e respeito à pluralidade de vozes do mercado.

Fica a pergunta: a quem interessa prestigiar um veículo do trade em detrimento dos demais? Ao mercado certamente que não.

Tiago Ferrentini é diretor-executivo do propmark